sexta-feira, 29 de abril de 2011

Factores Psicomotores

O desenvolvimento psicomotor abrange o desenvolvimento funcional de todo o corpo e suas partes. Geralmente este desenvolvimento está dividido em vários factores psicomotores que são interdependentes e se desenvolvem de forma hierárquica, desta forma o comprometimento de um deles irá influenciar o correcto desenvolvimento dos seguintes.
Segundo Fonseca, estes factores são 7: a tonicidade, o equilíbrio, a lateralidade, a noção corporal, a estruturação espácio-temporal e praxias global e fina.   
A tonicidade indica o tónus muscular. Tem um papel fundamental no desenvolvimento motor, é ela que garante as atitudes, a postura, as mímicas, as emoções, de onde emergem todas as actividades motoras humanas.
O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e dinâmicas (com movimento), abrangendo o controlo postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção. O equilíbrio estático caracteriza-se: pelo tipo de equilíbrio conseguido em determinada posição e pela capacidade de manter certa postura sobre uma base. O equilíbrio dinâmico obtém-se com o corpo em movimento, determinando sucessivas alterações da base de sustentação.
A lateralidade é a capacidade de percepção dos lados do corpo e traduz-se pelo estabelecimento da dominância lateral da mão, olho e pé, do mesmo lado do corpo.
Esta refere-se ao espaço interno do indivíduo, de forma a que este utilize um lado do corpo com maior agilidade. Ocorre inúmeras vezes a confusão entre lateralidade e noção de direita e esquerda relacionada com o esquema corporal. A criança pode ter a lateralidade adquirida, mas não saber qual é o seu lado direito e esquerdo, ou vice-versa.
A noção do corpo é definida como a formação do "eu", isto é, da personalidade. Este factor psicomotor compreende o desenvolvimento da noção ou esquema corporal, através do qual a criança toma consciência de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por seu intermédio. Ajuriaguerra refere que a evolução da criança é sinónimo de consciencialização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo. É através dele que a criança elabora todas as experiências vitais e organiza toda a sua personalidade.
A estruturação espácio-temporal decorre como organização funcional da lateralidade e da noção do corpo, uma vez que é necessário desenvolver a consciencialização espacial interna do corpo antes de projectar o referencial somatognósico no espaço exterior.
Este factor emerge da motricidade, da relação com os objectos localizados no espaço, da posição relativa que ocupa o corpo, ou seja, este estabelece as múltiplas relações integradas da tonicidade, do equilíbrio, da lateralidade e do esquema corporal.
A estruturação espacial leva a tomada de consciência pela criança, da situação de seu próprio corpo em um determinado meio ambiente, permitindo-lhe consciencializar-se do lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação às pessoas e objectos.
A estruturação temporal compreende a capacidade de uma pessoa se situar em função da sucessão de acontecimentos e da duração dos intervalos, que são noções abstractas e difíceis de adquirir pelas crianças.
Praxia refere-se a um movimento intencional, harmonioso, organizado e planificado tendo em vista a obtenção de um fim ou de um resultado determinado.
A praxia global está relacionada com a realização dos movimentos globais complexos, que se desenrolam num determinado tempo e que exigem a actividade conjunta de vários grupos musculares.
Por último, a praxia fina compreende todas as tarefas motoras finas, onde associa a função de coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção e manipulação de objectos que exigem controlo visual, além de abranger as funções de programação, regulação e verificação das actividades preensivas e manipulativas mais finas e complexas. Para que a preensão do lápis seja adequada e o movimento da escrita seja harmónico e coordenado é necessário que este factor se desenvolva de forma correcta.

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